Local: Torres Vedras, distrito de Lisboa
Dimensão e características: Um hectare e meio, virado a oeste e com um declive acentuado . O terreno tem um tipo de solo argiloso, com concentração de seixo e de pH ácido.
Agricultores: Christophe(Cri) e Ana(ana)
Saber mais: Facebook ou Instagram
” Tem sido um ano de muitas mudanças no terreno e nas nossas próprias vidas, mas é gratificante ver o resultado do nosso esforço, o terreno já tem imensa vida desde que chegámos a ele.”
Como adquiriram o terreno? Que tipo de trabalho era feito no terreno antes da vossa chegada? Qual o estado do solo?
O terreno não foi adquirido, foi uma herança de família. Era um terreno cultivado para pasto de cabras de um pastor da aldeia. O solo era pobre em matéria orgânica e azoto, foram as duas principais lacunas que encontrámos no solo.
Quando aterram no terreno, por onde começar? Que estruturas tinham disponíveis? Como escolher uma linha de actuação para um terreno?
O principio de tudo está na observação do terreno – orientação solar, declives, zona envolvente, etc. – e levantamento das necessidades nutritivas do solo. Não tínhamos nenhuma estrutura disponível, apenas uma pequena casinha de apoio agrícola. Primeiro de tudo e muito importante é um levantamento topográfico pois delimita o terreno e tens acesso às curvas de nível para uma futura implementação do design.
Têm água no terreno? Algum poço, furo, nascente? Se não, como garantem o acesso à água no vosso terreno?
Fizemos este ano o furo no terreno, mas ainda não temos água. A água que temos no terreno é trazida em garrafões de 20lt de uma fonte perto do terreno, a luz é apenas a luz natural, que temos para construir a nossa tiny house e trabalhar todo o terreno. Tem sido um ano de muitas mudanças no terreno e nas nossas próprias vidas, mas é gratificante ver o resultado do nosso esforço, o terreno já tem imensa vida desde que chegámos a ele.
Apenas regamos as pequenas árvores que estão na estufa, a pequena horta experimental (pois temos que ir conhecendo como o terreno reage às culturas) e por isso a nossa necessidade de água não é tão grande. Ainda conseguimos aproveitar a água do telhado verde da tiny house.
Tivemos este Verão apenas um tomateiro que nasceu perto da estufa e decidimos não o regar, e deu tomates que ainda hoje estão viçosos. Mas agora com o trabalho feito no terreno a nível de terraplanagens e barragens, conseguimos infiltrar mais água no terreno. Esperamos ver o resultado futuramente.
Marcação das curvas de nível.
© Projecto CrianaPaisagem de retenção de água.
© Projecto Criana
Que bagagem de conhecimento e experiência tinham? Quais as vossas fontes de inspiração e estudo?
A bagagem era pouca e a experiência igual. A principal inspiração foi Masanobu Fukuoka, que pelo livro dele “A Revolução de Uma Palha” abriu-nos para uma visão mais simples da vida.
Quando é que começaram a mexer no terreno e quais as primeiras acções?
Começámos a mexer no terreno há cerca de 4 anos atrás, em que as primeiras acções foram uma lavragem e uma fresagem do terreno, posteriormente foi semeado uma mistura de leguminosas e gramíneas, o inicio da reestruturação do solo. Inicialmente usámos uma mistura de trevos, ervilhaca e tremocilha nas leguminosas e nas herbáceas foi centeio, aveia e azevém.
Tremocilha
© Projecto Criana© Projecto Criana
Quantas pessoas trabalham no terreno e com que regularidade?
Neste momento trabalhamos os dois, no qual o Christophe está mais diariamente do que a Ana, que ainda tem um part-time. Em certos momentos e ocasionalmente temos a ajuda de amigos.
O objectivo é produzir para venda, auto-consumo ou regeneração ambiental?
O Objectivo para o futuro é conseguir os três.
O que cultivam para colher a curto prazo?
Neste momento estamos numa fase experimental de formas diferentes de cultivo, onde esperemos colher para auto-consumo alguns vegetais tais como, couve, nabo, ervilha, cenoura, fava, morango, espinafre, beterrabas, agrião, cebola, alho.
Quando, quantas e que árvores plantaram e com que objectivos?
Desde o ano passado, plantámos cerca de noventa árvores e arbustos florestais tais como carvalhos, azinheira, sobreiro, castanheiro, nogueira, medronheiro, azevinhos, etc., para a criação do bosque Autóctone.
Usam algum composto? Quando e em que quantidades aplicam? Com que técnica e recursos?
Neste momento utilizamos muito pouca quantidade de composto, o pouco que necessitamos usamos das pilhas de palha que estão em decomposição no terreno há cerca de 2 anos.
Fazem podas às árvores? Guardam a matéria orgânica? Onde vão buscar matéria orgânica complementar?
Não fazemos podas às árvores pois ainda não temos. Guardamos toda a matéria orgânica conseguida. A principal fonte de matéria orgânica é a aquisição de fardos de palha.
Que mudanças sentem no terreno, ao longo dos anos, em termos de qualidade da terra e biodiversidade?
A mudança tem sido enorme e mais rápida do que estávamos à espera, a qualidade da terra melhorou significativamente com o aparecimento de microbiologia e toda a sua cadeia sucedente.
Qual a vossa previsão de produtividade do terreno?
Esperamos a curto/médio prazo conseguir produzir o suficiente para o nosso bem estar alimentar e económico.
Compostagem por camadas.
© Projecto CrianaCompostagem por camadas.
© Projecto Criana